Não havia nada de absurdo, todas as intempéries da alma estavam fechadas num silêncio monótono. Você não podia compreender o que se escondia atrás dos olhos foscos que estavam escassos de sentimentos. Eu era isso... Um vazio, um nada.
Eu tentava achar algo, qualquer sentimento que pudesse existir dentro de
mim, que viria à tona... Tolo.
Eu não existia, nem para mim.
Eu não encontrava palavras, e buscava corresponder isso que você procurava. Mas
eu era uma pessoa sem palavras... E quantas perguntas você fazia! E o quanto eu
tentei dizer... O que de pouco restava. E eu te olhava, intacto,
tentando fazer você ver, somente olhando para mim, não sei exatamente o quê,
talvez algo que te fizesse ficar... Mas você não compreendia, afinal,
compreender o quê?
E você se foi, deixou um passado
abstrato, incompreensível, e não precisou pensar muito... Eu tinha voz e era
mudo, e você precisava ouvir.
Eu não podia dizer. Não existiam palavras que fizessem sentido.